Ficha de atividade A1

1. Designação da atividade: Chula Gaúcha: ensino histórico aplicado a expressão corporal
   

    1.1 Descrição da atividade e articulação com o projeto: oficinas de Chula com ênfase no desenvolvimento de sapateio e expressão corporal através de análises historiográficas. As oficinas assumem duas etapas. Primeiramente são expostas algumas questões teóricas juntamente a análises coreográficas, para posteriormente ingressarmos na parte prática da atividade. As aulas se constituem de: introdução histórica; apresentação de aspectos coreográficos e execução e prática dos movimentos abordados. Buscamos com estas oficinas desenvolver um espetáculo que será apresentado para a comunidade em geral através dos encontros de invernadas, rodeios e apresentações a eventos aos quais formos convidados.

     1.2 Local de realização: Escola Municipal Cipriano Porto Alegre
     1.3 Data e hora de realização: quartas-feiras as 20 horas.
     1.4 Duração da atividade: 1:30 min.
2. Fins
      2.1 Destinatários: público em Geral
      2.2 Objetivos:

      2.2.1 Situar no tempo e localizar no espaço as tradições vigentes na atualidade, além de definir os seus traços mais marcantes;

     2.2.2 Analisar detalhadamente as características específicas da chula;

     2.2.3 Desenvolver aptidões no âmbito do sapateado e da expressão corporal;

     2.2.4 Estimular a cooperação entre os jovens, bem como, a importância do trabalho em equipe;
3. Recursos
     3.1.Recursos infraestruturais: uma sala de aula;
     3.2. Recursos técnicos: uma lança de dois metros de comprimento, uma caixa de som amplificada, um tablado de 4x4 metros de mdf (podendo este último ser trocado por uma superfície de madeira) e um aparelho multimídia para a reprodução de textos, vídeos e imagens;
     3.3. Recursos humanos: um professor de chula com ênfase em ensino histórico e um gaiteiro para as apresentações do grupo;
     3.4. Recursos financeiros: sem custos;
4. Marketing: através do site do projeto, bem como, as redes sociais;
5. Modo de avaliação: comentários informais nas redes sociais e na seção de fórum disposta no site oficial do projeto.

 

6. Apresentação e conteúdo da oficina:

 

     A chula refere-se no estado do Rio Grande do Sul a uma dança de desafio de sapateio entre homens, sobre uma lança de cerca de quatro metros de comprimento estendida ao chão. O desafio consiste na execução de sapateios elaborados pelos gaúchos, um em cada extremidade da lança, de modo em que cada dançarino repita exatamente o passo executado pelo dançarino anterior. Caso consegui-o fazê-lo o mesmo propõe um novo sapateio mais arrojado. Deve-se salientar que os dois gaúchos dançadores percorrem a lança executando o seu sapateio, indo até a outra extremidade e voltando a posição inicial, e é derrotado quem perder o ritmo musical, ou não conseguir realizar o passo do adversário.

     Os folcloristas Lessa e Cortês (1952), após as suas viagens de campo, encontram-na em Julho de 1951, um ano antes da publicação do “Manual de Danças Gaúchas” com um relato do gaiteiro Augustinho Manuel Serafim de 56 anos de idade na cidade de Vacaria1. Após demonstrarem o seu receio em publicarem tal dança, visto que apresentava singularidades que não correspondiam as danças até então estudadas por folcloristas brasileiros, deparam-se com uma referência escrita no livro do militar e viajante francês Nicolau Dreys, que percorreu a Capitania Rio Grande de São Pedro em 1817, “Notícia Descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro” publicado em 1839. Neste estudo o autor faz menção a uma série de características acerca do gaúcho, sublinhado a prática destes homens apáticos com um bailado que segundo o mesmo faz referência a uma espécie de chula grave.

 

(...) por isso pouco trabalha o gaúcho enquanto tem dinheiro; o tempo passa-se em jogar, tocar ou escutar uma guitarra em alguma pulperia, e às vezes, porém com caridade, dançar uma espécie de chula grave, que vimos praticar por alguns deles. (DREYS: 1990, p. 124,)

 

     A partir deste embasamento documental, os pesquisadores puderam, enfim apresentar as características desta dança em festivais folclóricos, enquanto sinônimo da virilidade do proscrito dos pampas - o gaúcho. Uma dança de despique e de desafio que o homem leva a cena, ostentando toda a sua virilidade e capacidades individuais através de acrobacias com os pés.

     Já no ano de 1952, o primeiro Centro de Tradições Gaúchas, 35 CTG, bailava uma dança
de desafio, proporcionando um espetáculo distinto ao público do Teatro São Pedro em Porto Alegre.